II Seminário Paulista de autismo 2010

II Seminário Paulista de autismo 2010

06 julho 2010

AUTISMO E ODONTOLOGIA por Adriana Zink

Dicas para pais
          Crianças com autismo tendem a apresentar dificuldades em filtrar e descartar informações sensoriais, o que pode levá-las a se distrair pelos vários sons, imagens, texturas e cheiros. No consultório odontológico estamos cercados desses estímulos e o profissional deve estar atento a essa situação que é primordial para o primeiro contato paciente-dentista. Quanto mais conseguirmos simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar em interações sociais e no aprendizado de novas habilidades. A apresentação do ambiente pode ser inicialmente por figuras fixadas em uma pasta (chamada pasta de condicionamento lúdico), depois cada figura será mostrada no quadro de comunicação na forma do modelo PECS adaptada à odontologia (desenvolvido pela autora).
          Brinquedos que funcionam sozinhos, movidos a pilha, com luzes e sons, podem estimular que a criança brinque sozinha com eles, sem precisar que alguém brinque com elas.  Esses brinquedos podem distrair a criança e também ser hiperestimulantes. Durante o condicionamento para o tratamento odontológico de preferência aos fantoches, marionetes e outros brinquedos que facilitem a interação com sua criança. Os fantoches são ótimos parceiros porque você será primordial para animá-los. Nesse momento o ideal é iniciar a brincadeira usando o fantoche e a escova de dentes, já introduzindo o assunto principal da comunicação. Se os pais brincarem de dentista e de escovar os dentes ele irá incluir facilmente esse momento na rotina do seu filho.
          Se ele não gostar e atirar o fantoche em você, não demonstre reação. Mantenha sua expressão facial e sua voz em um tom neutro (ex: não grite, não franza as sobrancelhas, não faça careta, etc.). Sempre se movimente vagarosamente e com calma durante esse momento, pois assim você minimiza as suas reações, deixando de ser um possível apoio para esses comportamentos. Ao invés de tentar ignorar esses comportamentos, explique com uma voz calma e amorosa que você não a entende quando se comunica com você dessa maneira. Mesmo que a criança não saiba falar, sua explicação é útil tanto em conteúdo quanto em tom. Dê atenção e celebre todos os membros da família que participarem dessas atividades .
Ex: “Viva! Você Escovou os dentes sozinho!”. Aproveite e bata palmas, comemore e faça com que ele fique feliz com o momento.
Tenha reações grandes e empolgadas para qualquer sinal de interesse ou disposição da criança nessa área. Ex: quando a criança olhar para a escova de dentes, quando ela levar a escova à boca, etc..
Emprego de uma atitude otimista e sem julgamento maximiza a diversão, a atenção e a motivação da criança durante o uso do Programa Son-Rise®. Esse programa é imensamente gratificante e os pais que utilizam sabem que com amor conseguimos tudo!
Considerar os pais os aliados mais importantes e duradouros da criança fornece um foco consistente para treinamento, educação e inspiração.
Juntar-se a uma criança em seus comportamentos repetitivos e ritualísticos fornece a chave para se decifrar o mistério destes comportamentos, e facilita o contato de olho no olho, o desenvolvimento social e a inclusão dos outros na brincadeira da criança. Nesse momento precisamos contar com a formação do profissional especializada em TGD, onde serão usados acessórios de cabeça para tentar estipular o 1º contato visual paciente-profissional.
A utilização da motivação da própria criança impulsiona aprendizado e constrói a fundação para a educação e a aquisição de habilidades, e a visita ao dentista é considerada uma nova habilidade.
O ensino através da brincadeira/jogo interativo resulta numa efetiva e significativa socialização e comunicação, o dentista deve estar apto a interagir com a criança.
Uso de energia, empolgação e entusiasmo envolve e motiva a criança inspirando um desejo contínuo por interação e aprendizagem.
Dessa maneira iniciamos uma abordagem satisfatória para o tratamento odontológico e tendo em vista a complexidade do atendimento é indicado aos pais que procurem profissionais especializados em TGD (transtorno global de desenvolvimento) e assim incluir na rotina do seu filho à visita ao dentista.
Lembre-se que a prevenção é o melhor caminho, por isso procure um cirurgião-dentista!


3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Adriana, parabens pela belíssimo trabalho, que une seu profissionalismo ao seu humanitarismo acolhendo aqueles que são excluídos pela grande maioria da sociedade que se recusa a conviver com as diferenças. É lamentável que ainda tenhamos na saude profissionais que se recusam a atender portadores de deficiência, seja qual for sua natureza, como motra a reportagem de CRISTIANE SEGATTO, revista ÉPOCA, em excelente matéria esta semana, através da qual conheci um pouco seu trabalho. Parabens mais uma vez e que a espiritualidade te auxilie sempre p/ que vc e sua equipe continuem sendo luz àqueles que a sociedade insiste em condenar as sombras.

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  3. Muito bom o blog! Obrigado por dividir tudo isso! Irei acompanhar seu blog de perto daqui pra frente pra aprender um pouco mais. Bjos!

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