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por Adriana Gledys Zink
No consultório odontológico estamos cercados de estímulos (sons, cheiros, texturas, imagens etc.) e o paciente com autismo tende a não filtrar bem esses estímulos. Sendo assim, o profissional deve estar atento a essa situação que é primordial para o primeiro contato paciente-dentista. Quanto mais conseguirmos simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar em interações sociais e no aprendizado de novas habilidades. A apresentação do ambiente pode ser inicialmente por figuras fixadas em uma pasta (chamada pasta de condicionamento lúdico), conforme faço, depois cada figura será mostrada no quadro de comunicação na forma do modelo PECS (Picture Exchange Communication System), adaptada à odontologia (desenvolvido por mim).
Durante o condicionamento para o tratamento odontológico, dê preferência aos fantoches, marionetes e outros brinquedos que facilitem a interação com sua criança. Os fantoches são ótimos parceiros, porque você será primordial para animá-los. Nesse momento o ideal é iniciar a brincadeira usando o fantoche e a escova de dentes, já introduzindo o assunto principal da comunicação. Se os pais brincarem de dentista e de escovar os dentes ele irá incluir facilmente esse momento na sua rotina. Você pode incluir a brincadeira de escovar os dentes sentado de frente a um espelho no quarto de brincar (modelo Son-Rise, leia texto com detalhes nesta edição).
Se ele não gostar e atirar o fantoche em você, não demonstre reação. Mantenha sua expressão facial e sua voz em um tom neutro (ex.: não grite, não franza as sobrancelhas, não faça careta etc.). Sempre se movimente vagarosamente e com calma durante esse momento, pois assim você minimiza as suas reações, deixando de ser um possível apoio para esses comportamentos. Ao contrário, em situações como quando a criança olhar para a escova de dentes ou quando ela levar a escova à boca: “Viva! Você Escovou os dentes sozinho!”. Aproveite e bata palmas, comemore. Tenha reações grandes e empolgadas para qualquer sinal de interesse ou disposição da criança nessa área.
Considerar os pais os aliados mais importantes e duradouros da criança, fornece um foco consistente para treinamento, educação e inspiração. Juntar-se a uma criança em seus comportamentos repetitivos e ritualísticos fornece a chave para se decifrar o mistério destes comportamentos, e facilita o contato de olho no olho, o desenvolvimento social e a inclusão dos outros na brincadeira da criança. Nesse momento precisamos contar com a formação do profissional especializada em TGD (transtorno global do desenvolvimento), onde serão usados acessórios de cabeça para tentar estipular o primeiro contato visual paciente-profissional.
A utilização da motivação da própria criança impulsiona aprendizado e constrói a fundação para a educação e a aquisição de habilidades, assim a visita ao dentista é considerada uma nova habilidade. Uso de energia, empolgação e entusiasmo envolve e motiva a criança, inspirando um desejo contínuo por interação e aprendizagem. Dessa maneira iniciamos uma abordagem satisfatória para o tratamento odontológico e tendo em vista a complexidade do atendimento é indicado aos pais que procurem profissionais especializados.
Adriana Gledys Zink é cirurgiã-dentista, formada pela Universidade de Mogi das Cruzes, em 1994, fez especialização em pacientes com necessidades especiais na APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) e, há sete anos, dedica os estudos ao condicionamento do paciente autista para o tratamento odontológico. Ela trabalha em seu consultório na zona norte de SP, (11) 2212-8933 ou 2649-1011, e-mail: zinkpinho@yahoo.com.br
Twitter: @AdrianaZink
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